Nos tempos esquecidos, onde os reinos dos homens e dos deuses ainda se misturavam, o Reino Quatro Cantos do Mundo brilhava com as energias primordiais que sustentavam o equilíbrio do cosmos. No coração desse reino, o Celestial Quarto — o Ser Elemental Supremo e guardião do equilíbrio — sentia o peso de uma ruptura.
O QU4DRI, o Tabuleiro Primordial, havia sido roubado, um ato audacioso e perigoso que ameaçava desestabilizar todas as coisas. O responsável por este ato era o enigmático Mestre Entre os Magos, conhecido também como o Mestre Entre os Amigos, que, com habilidade e mistério, escapou com o tabuleiro através dos entre-mundos, criando uma sombra de incerteza sobre o Reino Quatro Cantos do Mundo.
A notícia espalhou-se como um vento sombrio, atingindo os ouvidos do Escriba, o sábio da corte, que por gerações registrava as histórias e segredos dos quatro elementos. Foi o Escriba que, de sua visão aguçada, observou o Celestial Quarto preparando-se para partir em busca do Mestre e recuperar o QU4DRI. O Escriba o nomeou então como Celestial Quarto, o Guardião dos Elementos e dos Destinos, abençoando-o com as palavras antigas que protegiam os viajantes do tempo.
A Jornada para Uruk
Guiado pelas energias que vibravam através dos entre-mundos, o Celestial Quarto atravessou o véu do tempo e do espaço, penetrando no passado profundo até chegar à Antiga Mesopotâmia. Ao emergir naquele solo místico, ele encontrou-se nas ruas de Uruk, a majestosa cidade do rei Gilgamesh. A cidade fervilhava com a vida dos homens e dos animais, e a poeira das construções sagradas parecia palpitar com o peso das eras.
Assim que o Celestial Quarto adentrou Uruk, ele foi recebido com olhares de espanto e reverência. Sua aparência não era a de um mortal comum; emanava uma presença etérea, e sua forma oscilava entre o tangível e o intocável, uma fusão de força e mistério. Não demorou para que os rumores chegassem até Gilgamesh, o rei herói, que soubera de um ser divino caminhando por sua cidade. Curioso e desconfiado, o rei procurou o Celestial Quarto, sua mente já borbulhando com suspeitas.
Gilgamesh, ao ver o Celestial Quarto, imaginou que fosse Utnapishtim, o antigo homem que havia conquistado a imortalidade. Pois quem mais poderia andar entre os mortais com tamanha presença e poder, senão o ser que sobrevivera ao grande dilúvio e fora agraciado com a vida eterna pelos deuses? O rei aproximou-se com cautela, inclinando a cabeça em respeito, mas sua voz soou firme ao questionar a figura celestial:
— És tu, Utnapishtim, sábio do dilúvio e imortal entre os homens?
O Celestial Quarto, observando Gilgamesh com uma compaixão profunda, entendeu a confusão do rei. Ele sabia que a jornada de Gilgamesh era permeada por uma busca incessante por respostas e pela imortalidade, e viu naquele olhar uma alma afim de entender os mistérios que sustentavam a existência. O Ser Elemental falou com uma voz que parecia ecoar de dentro das próprias pedras da cidade:
— Não sou Utnapishtim, mas venho de um reino onde o tempo e o espaço se entrelaçam. Sou o Celestial Quarto, o Guardião dos Quatro Cantos do Mundo, e busco aquilo que foi roubado do equilíbrio primordial: o QU4DRI, o Tabuleiro que governa todos os destinos.
Uma Aliança Inesperada
Ao ouvir essas palavras, Gilgamesh, fascinado e sedento por aventura, ofereceu-se para ajudar o Celestial Quarto em sua busca. Pois o rei de Uruk, sempre à procura de feitos grandiosos, viu nisso uma oportunidade de adentrar em uma nova jornada, talvez até de alcançar aquilo que ele mais desejava: a imortalidade. O Celestial Quarto aceitou a ajuda do rei, sabendo que a força e a coragem de Gilgamesh poderiam ser essenciais para o sucesso de sua missão.
Juntos, eles exploraram os recessos profundos da cidade e dos desertos ao redor. Em sua busca pelo QU4DRI, encontraram enigmas e provas dos poderes antigos deixados por deuses e criaturas esquecidas. Ao longo da jornada, Gilgamesh foi aprendendo com o Celestial Quarto sobre o equilíbrio dos elementos, o fluxo da energia primordial e a interconexão de todas as coisas. Ele compreendeu que sua própria busca pela imortalidade fazia parte de algo muito maior, que transcendia a vida e a morte.
O Encontro com o Mestre Entre os Magos
Ao fim de uma longa jornada pelo deserto, eles chegaram a um portal oculto, guardado pelas inscrições antigas que apenas o Celestial Quarto poderia decifrar. Ao atravessar o portal, encontraram o Mestre Entre os Magos, envolto em sombras e com o QU4DRI em mãos. Ele havia usado o tabuleiro para manipular os entre-mundos, interferindo nos fios do destino e ameaçando o equilíbrio de todas as realidades.
O Mestre, percebendo o perigo que o Celestial Quarto e Gilgamesh representavam, invocou forças das sombras para impedir que eles se aproximassem. O Celestial Quarto, porém, emanou uma energia que iluminou o entre-mundo, dissipando as trevas e revelando o verdadeiro poder do QU4DRI, que reluzia com as cores dos quatro elementos.
Gilgamesh, com toda a sua coragem, avançou e enfrentou o Mestre, enquanto o Celestial Quarto utilizava sua conexão com os quatro elementos para selar as energias que o Mestre havia liberado. Juntos, eles recuperaram o QU4DRI e restauraram o equilíbrio perdido. O Mestre, derrotado, desapareceu entre as sombras, deixando apenas um sussurro de advertência sobre o poder e a responsabilidade que tal tabuleiro exigia.
O Retorno ao Reino Quatro Cantos do Mundo
Com o QU4DRI em mãos, o Celestial Quarto agradeceu a Gilgamesh, reconhecendo que, sem a bravura do rei, a travessia não teria sido possível. O rei de Uruk, por sua vez, sentiu que sua busca pela imortalidade havia mudado. Ele entendeu que a verdadeira eternidade não era física, mas sim o impacto de suas ações e o legado de suas escolhas. Ao retornar a Uruk, Gilgamesh prometeu honrar o equilíbrio e a sabedoria que aprendera na Travessia de Aasha.
O Celestial Quarto, então, retornou ao Reino Quatro Cantos do Mundo, levando o QU4DRI de volta ao seu lugar de origem. No entanto, ele sabia que sua jornada deixara marcas profundas nos entre-mundos e que, um dia, talvez outros seres precisassem compreender a lição de equilíbrio que fora ensinada na antiga Mesopotâmia.
Ao retornar ao Reino Quatro Cantos do Mundo, Celestial Quarto sentiu uma estranha inquietação no ar. Ao examinar o tabuleiro que recuperara, percebeu algo perturbador: Mestre Entre os Magos o havia enganado. Aquele não era o QU4DRI, o Tabuleiro Primordial roubado, mas apenas um simples tabuleiro Aasha, uma antiga variante do Jogo Real de Ur. Embora belo e enigmático, o Tabuleiro Aasha não possuía o poder de reger o destino dos mundos.
O Celestial Quarto, frustrado mas também inspirado pela jornada e pelo conhecimento adquirido em Uruk, entendeu que o Mestre Entre os Magos ainda estava à solta, movendo-se nas sombras, com o verdadeiro QU4DRI em suas mãos. Agora, mais determinado do que nunca, ele se preparou para uma nova travessia, uma busca renovada pela verdade e pelo equilíbrio que sustentava todos os entre-mundos.
E assim, a Travessia de Aasha se tornava o início de uma saga ainda mais profunda, uma que entrelaçaria reinos, tempos e seres numa busca incessante pelo Tabuleiro Primordial perdido.