No coração do Reino Quatro Cantos do Mundo, onde os elementos se entrelaçam em harmonia e caos, ergue-se o lendário Terreiro do Altar Eterno.
Este lugar, um vulcão adormecido com rios de magma brilhando sob pedras negras, era o domínio de Kael, o Guardião do Fogo, cuja presença emanava calor e força. Ali, o fogo era mais do que um elemento; era uma manifestação viva da vontade e poder de Kael.
A noite caía, tingindo o céu de um tom rubro como se a terra sangrasse pelas nuvens. De repente, uma rajada de vento cortou o silêncio pesado. Aeris, a Guardiã dos Ventos, desceu do céu com a leveza de uma pena, sua silhueta envolta por véus brancos que dançavam com o ar ao seu redor.
— Kael! — ela chamou, sua voz como um eco do vento. — O domínio eterno do fogo está prestes a enfrentar o sopro impiedoso dos ventos.
Kael, imponente e sereno, surgiu no altar central, cercado por brasas flutuantes que iluminavam sua armadura reluzente. Seus olhos dourados brilharam com um sorriso desafiador.
— Aeris, sua ousadia é tão volátil quanto o ar que você comanda. Este terreiro não se curva às brisas.
Aeris ergueu os braços e, ao seu comando, uma espiral de vento ganhou forma, girando ao seu redor como uma serpente invisível. Com um leve movimento de mãos, ela invocou os Previsores de Medida Elemental, pequenos orbes de cristal que flutuavam ao seu lado, ressoando com o som de ventos distantes. Eles amplificavam sua conexão com o elemento ar, permitindo-lhe mover-se com precisão quase divina.
Kael deu um passo à frente, o chão sob seus pés queimando com cada passo. Com um movimento brusco, ele conjurou uma Explosão Flamejante, lançando uma bola de fogo em direção a Aeris. Mas ela era rápida demais. Um salto elegante, impulsionado pelos ventos, levou-a a um dos pilares que cercavam o altar.
— Seu fogo é poderoso, Kael, mas para me atingir, precisa de algo mais do que força bruta. — Aeris provocou, seu redemoinho crescendo em intensidade.
Kael riu. — Não subestime o fogo. Ele consome até o ar.
O embate começou. As chamas de Kael dançavam em espirais ao longo do terreiro, enquanto os ventos de Aeris moldavam a batalha com uma fluidez imprevisível. Cada movimento parecia uma coreografia, fogo e vento em uma dança de poder e estratégia.
Aeris, utilizando os Previsores de Medida Elemental, antecipava os ataques de Kael, desviando-se com graça e lançando rajadas de vento que enfraqueciam as chamas ao seu redor. Contudo, o calor era implacável, e cada esquiva deixava sua energia mais desgastada.
Kael, por sua vez, canalizava o poder do altar, transformando cada explosão em uma manifestação de sua fúria. As brasas tornavam-se lâminas flamejantes, que cortavam o ar ao seu comando.
Por fim, Aeris, já sentindo o peso da batalha, recorreu ao seu último recurso. Ela elevou os Previsores, unindo suas forças em um único redemoinho monumental. O vento rugiu, absorvendo as chamas ao redor e criando uma tempestade que parecia devorar o altar.
Kael, impressionado, não recuou. Ele cravou seus pés no chão, liberando uma onda de calor que fez o próprio redemoinho vacilar. Por um instante, o tempo parecia suspenso.
Então, Aeris sorriu.
— Eu não vim destruir o fogo, Kael. Apenas lembrar-lhe de que até ele precisa do vento para respirar.
Com isso, ela dissipou o redemoinho, deixando o altar intacto, mas coberto por um silêncio respeitoso. Kael, ainda firme, reconheceu a força de sua oponente com um aceno de cabeça.
— Hoje, o vento demonstrou sua sabedoria, Aeris. Mas o fogo nunca se apaga por completo.
Aeris desceu suavemente ao chão, exausta, mas triunfante. O altar ainda pertencia a Kael, mas a batalha havia provado que mesmo o fogo eterno deve respeitar a dança dos ventos.
E assim, o Terreiro do Altar Eterno tornou-se testemunha de uma das batalhas mais lendárias do Conclave, um duelo entre dois Guardiões que moldaram os elementos com poder e maestria.