Na aurora do Reino Quatro Cantos do Mundo, onde os ventos se entrelaçam com o destino dos elementos, a presença do Celestial Terceiro ecoava. Esse Ser Elemental Supremo perambulava entre as camadas do espaço-tempo, em busca de uma relíquia perdida e de um antigo amigo: Tabuleiro Primordial, o QU4DRI.
O QU4DRI, como sabemos, é um artefato lendário que de tão poderoso serve até de portal entre mundos e eras, e foi roubado e desaparecido; assim, Celestial Terceiro tinha uma missão clara e irrevogável: trazer de volta o equilíbrio ao mundo dos elementos.
A trilha de energia que guiava o Celestial Terceiro ao tabuleiro perdido o conduziu a um espaço misterioso que os humanos chamavam de Sudoeste americano, uma terra impregnada pela magia ancestral e pelos espíritos protetores dos antigos pueblos.
Ali, nas sombras das montanhas e entre os cânions avermelhados, um sussurro persistia. Era o sussurro de Noqoìlpi, um semideus que reinava sobre o jogo e a trapaça, aquele que desafiava a sorte dos homens e dos espíritos. Ele era conhecido pelo povo Navajo como The Gambler.
Ao adentrar o entremundo Navajo, Celestial Terceiro avistou Noqoìlpi, sentado sobre uma rocha, cercado de dados e cartas que flutuavam ao seu redor como folhas levadas pelo vento. Sua presença era inquietante, e seu olhar brilhava com uma astúcia que transcendia qualquer mortal.
Noqoìlpi não precisava de apresentações. Com um sorriso provocador, ele olhou para o Celestial Terceiro e disse:
— Ah, meu velho Guardião! Será que veio jogar comigo? Ou talvez esteja atrás do Tabuleiro que tanto almeja?
Celestial Terceiro, imponente e sereno, olhou profundamente para o semideus. Ele sabia que Noqoìlpi, o mestre dos jogos e dos artifícios, não lhe daria respostas fáceis.
— Noqoìlpi, conheço sua fama. Sei que o jogo é sua essência, mas o que você fez com o QU4DRI? Ouvi dizer que você sabe aonde foi escondido. A ordem dos elementos depende de sua devolução.
Noqoìlpi deu uma risada grave, que ressoou pelas pedras do cânion, e respondeu:
— O QU4DRI? Ah, sim. Uma peça intrigante para um jogo ainda mais intrigante. Mas, diga-me, o que o Reino dos Quatro Cantos oferece em troca?
Celestial Terceiro, com sua paciência infinita, aceitou o desafio. Sabia que, para vencer Noqoìlpi, precisaria de algo mais que lógica ou poder; precisaria do espírito dos elementos. E, assim, os dados foram lançados, as cartas distribuídas, e um embate começou.
O vento que soprava dos pueblos ancestrais trouxe consigo os espíritos das montanhas sagradas e dos rios eternos, os mesmos espíritos que um dia abençoaram a terra com sabedoria e abundância. Ao ver esses espíritos, Noqoìlpi hesitou por um breve instante, pois compreendeu que enfrentava algo maior que um simples jogo. Ele enfrentava a força da Terra, o ímpeto do Fogo, a leveza do Ar e a profundidade da Água. Mesmo como o semideus da trapaça, sabia que o QU4DRI não era só uma peça, mas a essência dos elementos.
Mas a verdade é que o Mestre Entre os Magos não havia lhe entregue o artefato; e Noqoìlpi não deixou isso bem claro para Celestial Terceiro.
Na última jogada, quando todos os símbolos estavam alinhados, Celestial Terceiro virou a mesa do destino. Um portal próximo reluziu como nunca antes, e Noqoìlpi, diante da derrota, sentiu o peso de sua trapaça revertida. O Celestial Terceiro então voltou ao Reino dos Quatro Cantos, sem conseguir restaurar o equilíbrio e a harmonia daquele entremundo.
A lenda de Noqoìlpi, o grande Gambler, tornou-se uma lição para aqueles que ousam desafiar os próprios elementos. No entremundo, nas montanhas e cânions sagrados, ainda se ouve o sussurro de seu nome, como um aviso aos que procuram a sorte sem o respeito pelo poder dos Quatro Elementos.