HomeUniverso LiterárioContosConto | A Queda das Quatro Suyus

Conto | A Queda das Quatro Suyus

No vasto e místico Reino Quatro Cantos do Mundo, onde os elementos moldavam não apenas a vida dos habitantes, mas também os seus destinos, a harmonia entre Cantos localizados ao Norte, Sul, Leste e Oeste era sustentada por um delicado equilíbrio. Cada Canto possuía um Controlador Elemental, um ser de extraordinária afinidade com o elemento que regia sua região:

  • A Geomante da Natureza, soberana do Norte, cujos poderes se enraizavam nas florestas e montanhas verdesjantes, protegendo segredos ancestrais escondidos sob as árvores milenares.
  • Kael, o Guardião do Fogo, Guardião do Terreiro Sagrado do Altar Eterno, dominava as chamas vulcânicas, sendo temido e reverenciado como um guerreiro implacável.
  • Aeris, a Guardiã dos Ventos, a dançarina celestial do Leste, capaz de moldar as correntes de ar que impulsionavam as vidas e esperanças de seu povo.
  • O Senhor dos Vórtices Invernais, mestre do Oeste, que governava o gêlo e as marés gélidas, protegendo o oceano com uma frieza tanto literal quanto figurada.

Na divisa dos Cantos, o Aetherion Central, um local sagrado e neutro, abrigava o A Tábula da Concordância; no local as decisões mais importantes para a harmonia das suyus eram tomadas. Era lá, em Aetherion Central, que os Controladores Elementais se encontravam para discutir alianças e resolver disputas. Contudo, os tempos de paz estavam por um fio.

Kael, Guardião do Terreiro Sagrado do Altar Eterno
Kael, Guardião do Terreiro Sagrado do Altar Eterno

O Início da Ruptura

Tudo começou quando as Bússolas Espaço-Temporais, artefatos que permitiam atravessar os territórios e alinhar os elementos em harmonia, foram usadas para propósitos obscuros. Cada Controlador, em busca de expandir sua influência, enviou controlados para atravessar para os territórios opostos, não mais como emissários da paz, mas como estrategistas de guerra. No lugar de alianças, consulados erguidos nos territórios vizinhos tornaram-se postos de vigilância e manipulação.

No Canto ao Norte, a Geomante observava com desconfiança as chamas vermelhas que surgiam ao longo da fronteira com o Sul. A Leste, Aeris sentia os ventos gélidos do Oeste invadirem suas terras quentes e brilhantes. No Sul, Kael, inflamado por sua ambição, via nas florestas do Norte uma oportunidade de dominar recursos para alimentar suas chamas eternas. E no Oeste, o Senhor dos Vórtices Invernais, isolado e desconfiado, via ameaças em todos os lados.

Lysia, Guardiã do Terreiro Sagrado das Raízes Eternas
Lysia, Guardiã do Terreiro Sagrado das Raízes Eternas

A Ruína

O momento decisivo ocorreu durante uma reunião no Aetherion Central. Em vez de harmonia, as discussões tornaram-se acusações ferozes. Cada Controlador acusava os outros de traição, enquanto as Bússolas, outrora símbolos de conexão e entendimento, foram arremessadas sobre a mesa em um gesto de desafio.

— Vocês queimaram nossas florestas! — bradou a Geomante, com a voz reverberando como trovão.

— E vocês bloquearam o curso natural dos ventos! — retrucou Kael, com as chamas dançando ao redor de seus punhos cerrados.

— Não passa de tolice humana tentar manipular o ar! — exclamou Aeris, sua voz fluindo como uma brisa cortante.

— Enquanto isso, os mares esfriam sob minha vigília, e todos vocês continuam cegos! — completou o Senhor dos Vórtices Invernais, com um tom de desdém gelado.

As palavras foram apenas o prelúdio para batalhas. Em um instante, o Aetherion Central tornou-se um campo de guerra, com os elementos colidindo de maneira catastrófica. Chamas consumiam os ventos, águas congelavam os solos, e o caos espalhava-se por todo o Reino. As ruínas do Círculo da Concordância passaram a simbolizar a queda da harmonia.

Consequências

Com aquelas Quatro Suyus em guerra, o Reino tornou-se ainda mais uma terra de desconfiança e destruição. Os Controladores, antes unidos por um propósito comum, tornaram-se senhores de territórios fragmentados, incapazes de ver além de seus próprios interesses. E as Bússolas, agora dispersas e desacreditadas, permaneciam como resíduos de um sonho desfeito.

Diz-se que as cicatrizes deixadas pelos eventos agora chamados de A Queda dos Quatro Cantos jamais serão completamente curadas. Contudo, em meio às sombras da guerra, sussurros falam de heróis que poderiam restaurar o equilíbrio, reunindo as Bússolas e reconstruindo o significado para A Tábula da Concordância.

Mas essa é uma história para outro tempo. Por ora, o Reino dos Quatro Cantos permanece em sua queda, um eco do que um dia foi e uma lágrima no tecido do equilíbrio elemental.


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